sábado, 19 de junho de 2010

** ARTIGO: LETRAMENTO, LEITURA E ESCRITA.

Eliane Silveira Gonçalves

Letramento é o resultado de ensinar ou de não aprender só a ler e escrever, mas de adquirir a consciência social da língua e a por em prática para se comunicar. Letrar é dar a criança a possibilidade do contato com vários gêneros de leitura desde cedo para que essa inclusão, da criança com o meio letrado, comece muito antes da alfabetização.

Um indivíduo alfabetizado não é necessariamente um indivíduo letrado. Alfabetizado é aquele indivíduo que sabe ler e escrever; que domina os sígnos da leitura e da escrita, letrado é aquele que sabe ler e escrever, mas que além disso, responde adequadamente às demandas sociais da leitura e escrita e sabe constatar o que está implícito e explícito em um texto seja de qual gênero for.

É o indivíduo que sabe fazer a relação de inferência, movimento, sincronia, dedução, ou seja, sabe estabelecer relações que possam existir nos textos lido, e, não apenas nos textos, mas nas figuras, obras de arte, canções, poesias, entre outros... Pode-se dizer que ser letrado não é apenas ter autonomia da escrita e da leitura e sim cultivar e exercer práticas sociais do uso da escrita.

O letramento passa antes de tudo pela capacidade da metacompetência para a leitura que é a chave para novas aprendizagens. Passa pelo prazer de ler de construir sentidos e apropriar-se das novas linguagens e dos novos conhecimentos.

A alfabetização no sentido próprio da palavra, passa pelos processos de aquisição dos códigos da escrita e das habilidades da leitura. É a apropriação das tecnologias do ler e do escrever. Para alfabetizar de fato um indivíduo é necessário letrá-lo, dar a ele condições de ir além de apenas ler e escrever, mas acima de tudo entender o que está lendo, interpretar o que está diante dele, fazê-lo letrado, autônomo, diante do que está intrínsico nos códigos da leitura e escrita.

A alfabetização envolve o desenvolvimento de novas formas de compreensão e uso da linguagem de uma maneira geral. A alfabetização promove a socialização, já que possibilita o estabelecimento de novos tipos de trocas simbólicas com outros indivíduos, acesso à bens culturais e facilidades oferecidas pelas instituições sociais. A alfabetização é um fator propulsor do exercício consciente da cidadania e do desenvolvimento da sociedade como um todo.

Apropriar-se da leitura e da escrita é fundamental para aprender a conhecer os variados gêneros de leitura que o indivíduo possa ter em seu meios social e cultural. O indivíduo letrado passa a caracterizar quem domina a leitura, ou seja, quem não sabe só ler e escrever, mas quem faz uso competente e frequente da leitura e da escrita. Fala-se no letramento como ampliação do sentido da alfabetização.

O nível de letramento é determinado pela variedade  de gêneros de textos escritos que a criança ou o adulto reconhece. A criança que vive em um ambiente em que se lêem livros, jornais, revistas, bulas, receitas, e outros tipos de literatura, ou que se conversa sobre o que se leu, em que uns lêem para os outros em voz alta, lêem para a criança enriquecendo com gestos e ilustrações, o nível de letramento será superior ao de uma criança cujos pais não são letrados, nem tem a oportunidade de terem pessoas  no seu convívio que lhe ofereçam este mundo letrado.

Quando a criança tem contato desde muito cedo com vários tipos de textos pode-se dizer que esta criança esta inserida em um mundo onde a apropriação das tecnologias para ler e escrever, a alfabertização, acontecerá naturalmente.

Para sistematizar a apropriação da alfabetização/letramento deve-se antes de tudo criar condições para que o indivíduo esteja inserido em um mundo escolar, familiar, social onde o acesso à leitura se dê de fato.

Para a criança sistematizar sua aprendizagem e letramento vem em primeiro lugar a preocupação da família em dar oportunidades ao maior acesso possível aos diversos tipos de leitura que se pode ter desde cedo.

Sem dúvida a escola é o segundo lugar onde a criança deve ser inserida a um ambiente alfabetizador  ou de um contexto de cultura escrita oferecido pelas formas de organização da sala e de toda a escola, capaz de disponibilizar aos alunos a familiarização com a escrita e a interação com diferentes tipos, gêneros, portadores e suportes, nas mais diversas formas de circulação social de textos.

Um ambiente alfabetizador passa pela facilidade do acesso à criança na exposição de livros, dicionários, revistas, rótulos, publicidade, notícias do próprio ambiente escolar, e de periódicos da comunidade ou do município, cartazes, relatórios, registros de eleições, e muitas outras possibilidaees que permitam a inserção dos alunos em práticas sociais de letramento.

É inconcebível que um cidadão possa realmente exercer seu papel social,se não dominar sua língua, seus códigos e principalmente sua criticidade em relação ao que é lido. A sociedade necessita de pessoas que se articulem com o mundo e dominem a linguagem universal.

Daí a importância do educador, pesquisador social, atualizar-se, trocar experiências e enriquecer sua prática para conseguir o objetivo tão esperado da Educação: a formação global do ser humano.

Portanto não basta alfabetizar, é preciso alfabetizar com significado. O aluno, centro do processo, necessita dominar, sistematizar seu idioma apropriando-se dele para transformar sua vida e de seu próximo. 

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