Se formos percorrer os caminhos até descobrir o princípio alfabético será sem dúvida necessário que se fale da complexidade que é para uma criança entender que na escrita as palavras são representação das combinações dos sinais gráficos visuais, as letras, e que estas são representadas pelo fonema que é a menor unidade sonora da língua. E, ainda mais, elas precisam entender que escrever não é apenas um outro jeito de desenhar, mas é sim dar significado sonoro ao que se fala e escreve.
Para que a criança descubra o princípio alfabético é necessário dar a ela opções variadas de escrita onde ela poderá ver, para distinguir, que existem além do desenho mais dois tipos de signos gráficos que são as letras e os números. Mas até chegar a esse conhecimento básico para a alfabetização a criança terá que passar por um processo que requer um nível de raciocínio bem mais sofisticado. Moraes, citado por Ferreira (1996, p. 127,128) diz que “além de decodificar corretamente a posição das letras na palavra, o leitor leva em consideração regras que governam a seqüência das letras”. Então dominar o princípio alfabético vai requerer da criança conhecimentos como dominar o nome das letras, o alfabeto, e ainda saber como agrupá-las em unidades silábicas.
Para uma alfabetização se dar de fato é preciso que a criança conheça, em primeiro lugar, o alfabeto, e depois o som em separado de cada letra para que assim possa fazer as relações necessárias para escrever determinada palavra. Assim ela poderá fazer a reflexão sobre como se da a construção gráfica e sonora das palavras.
Segundo os estudos de Emilia Ferreiro e Teberosky, eles identificaram estágios que se encontram as crianças em idade escolar a ser alfabetizadas. A partir desse estudo é possível identificar em que fase da hipótese da escrita cada criança se encontra.
As hipóteses da escrita podem ser separadas em: Período Pré-Silábico; Período Silábico; Período Silábico Alfabético e Nível alfabético.
Período Pré-Silábico:
Neste período a criança ainda não descobriu nenhum tipo de correspondência entre a grafia e o som. Escrever, para ela, é apenas produzir traços aleatórios e cada vez que for questionada sobre o que escreveu dará diferentes respostas sobre uma mesma “escrita”.
Período Silábico:
Neste período a crianças representa a sílaba por uma letra qualquer, facilmente utilizando letras de seu próprio nome, se já as conhece, ou que fazem parte de seu cotidiano, mas sem se preocupar com o som referente a cada letra.
Período Silábico-Alfabético:
É nesse período que a criança começa a fazer a transição do período silábico para o alfabético. É onde ela começa a análise alfabética. É aqui que a criança começa a construir novos esquemas onde respeita o valor sonoro de cada letra já associando cada sílaba a sua vogal ou a sua consoante, entendendo, portanto que são necessários vogais e consoantes para a construção de uma palavra. É nesse momento também que a criança descobre que a escrita representa a fala.
Nível Alfabético:
Nesse nível a criança já faz a correspondência entre os signos orais e os signos gráficos e, portanto descobre que cada som corresponde a uma letra e que a sílaba não é uma unidade sonora, mas pode ter mais de uma letra. Aqui a escrita é fonética.
Quando a criança conseguir desmistificar os signos gráficos e conseguir fazer a relação alfabética necessária para a construção das palavras poderá se dizer que esta criança esta alfabetizada.
É importante, porém, deixar claro que a alfabetização é um processo de aquisição dos códigos numéricos e alfabéticos cuja finalidade é levar o alfabetizado ao letramento, isto é, adquirir habilidades cognitivas para desenvolver práticas que consistem na capacidade do uso de diferentes tipos de material escrito, cantado, desenhado, moldado, falado, enfim, dar conta dos variados gêneros que nos rodeiam.
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