Eliane Silveira Gonçalves
RESUMO
Jean Piaget já mostrou em suas teorias que para a criança construir um pensamento lógico-matemático é fundamental dar a ela situações onde ela mesma possa fazer suas relações, descobertas e soluções dos problemas apresentados fazendo com que ela ganhe autonomia e segurança desde muito cedo até mesmo antes de entrar na escola. Á escola cabe aprimorar esta autonomia a partir daquilo que as crianças já trazem consigo de conhecimento. Se o professor der as respostas a todos os questionamentos de seus alunos ele não estará ajudando nesta autonomia, mas se por outro lado ele propiciar que seus alunos pesquisem e por eles mesmo cheguem a suas respostas com certeza estará contribuindo para o desenvolvimento do pensamento crítico e autônomo desses alunos.
Palavras-chave: Encorajar, Domínio do Conhecimento, Autonomia
INTRODUÇÃO
Ao se perguntar em uma classe do ensino fundamental quantos alunos gostam de matemática não nos surpreendemos com a resposta da minoria. A matemática é para muitos um bicho papão, amedrontador e implacável. Mesmo para muitos adultos ela é vista como algo aterrador. Mas, o que nos leva a ter esse medo todo dessa matéria que é tão comum quanto qualquer outra do currículo escolar? Com certeza foi a maneira que nos apresentaram essa disciplina e o quanto nos foi doloroso aprender a calcular, simples e puramente, sem nos dar a oportunidade de levantar hipóteses por nós mesmos, sem levar em conta aquilo que já sabíamos ao ingressar na escola, sem instigar em nós a tão necessária autonomia para perder o medo e poder assim encarar esse bicho papão de frente.
Cabe ao professor criar situações adequadas para provocar curiosidade na criança e estimular a construção de seu conhecimento. Pode-se perceber nesse momento, a importância de se proporcionar à criança de sete a dez anos a vivência de situações concretas com jogos diversos e múltiplas atividades que favoreçam a construção de um ambiente alfabetizador, sim porque matemática tem tudo a ver com alfabetização. A tarefa essencial do educador deve estar voltada para além de alfabetizar, seduzir o aluno, para que ele deseje e, desejando, aprenda.
Os jogos, por exemplo, que são atividades que toda criança admira e tem satisfação em aprender é um instrumento que também contribui para o desenvolvimento do pensamento lógico-matemático. Através deles, criam-se situações de aprendizagem para a criança. O ensino da matemática irá se tornar uma aprendizagem natural, espontânea e prazerosa que as crianças experimentam desde o nascer.
ENCORAJAR
Após várias leituras sobre as idéias e teorias de Piaget, pude perceber, que o essencial para a construção do conhecimento da criança, passa pelo conhecimento físico, conhecimento social e lógico-matemático. A partir daí, e sabendo da importância desses conhecimentos, cabe ao professor instigar, encorajar seu aluno para que ele queira aprender, montando estratégias onde o aluno possa realizar tanto os conhecimentos físicos, sociais quanto lógicos e assim possa estabelecer uma relação gratificante com a matemática.
A partir do momento que o professor tem a consciência que é fundamental ter uma prática pedagógica voltada para esses conhecimentos será, sem dúvida, mais fácil para ele montar suas aulas e que estas sejam realmente desafiadoras e instigantes a fim de proporcionar ao aluno descobertas por ele mesmo concluídas. Segundo Jacques (2007): (...) estabelecer a distinção entre conhecimento físico, social e lógico-matemático, concebendo a sua origem e seu modo de estruturação, entendemos ser fundamental que, para isso, o professor organize a sua prática pedagógica. Como já foi dito, a construção do conhecimento lógico-matemático ocorre na medida em que a criança coloca os mais variados objetos em todas as espécies de relações. Essas relações são criadas a partir de estruturas organizadas internamente, porém é necessário que o professor promova situações para que isso ocorra. Assim, o professor precisa estar atento às situações vivenciadas pelas crianças estimulando para que ela crie e coordene todas as naturezas de relações.
Portanto o professor precisa desafiar, estimular, encorajar seu aluno para que ele obtenha um pensamento crítico e autônomo.
Quando eu fiz magistério e tive pela frente várias práticas em sala de aula, pude perceber que os alunos gostavam muito quando as aulas eram desafiadoras e diferentes, por isso resolvi me tornar uma professora diferente também. Sempre que pude organizei aulas onde os alunos pudessem interagir, pesquisar, encontrar soluções sozinhos ou em grupo. Sempre gostei muito de trabalhar com a classe dividida em grupos. Sabe-se que a interação pessoal entre eles enriquece a aprendizagem de todos e os tornam mais sociáveis e seguros.
DOMÍNIO DO CONHECIMENTO
O domínio do conhecimento nada mais é do que aprender matemática por meio de resolução de problemas. O que se faz necessário são professores com esse perfil, de saber ensinar a aprender qualquer que seja a área de estudo, aqui estamos falando de matemática, mas poderia ser português, ciências, sociologia, enfim... Se o professor não der a oportunidade de seus alunos compreender, estabelecer plano, executar esse plano e por fim verificar, discutir as soluções encontradas jamais eles terão o domínio do conhecimento de fato, pois é muito diferente dar situações problema onde eles não tenham que pensar para chegar às soluções, daquelas onde o que prevalece é o pensamento crítico desenvolvido nessas crianças, a compreensão do problema em sua totalidade e o entendimento do que foi proposto.
Nossa sociedade está repleta de pessoas que desenvolveram uma aversão a esta disciplina e que, irremediavelmente, vão transmitindo uma imagem pejorativa da matemática a quem os rodeia. Mas de onde vem essa aversão? Com certeza vem de aulas mal planejadas onde o professor “sabedor de tudo” passa aos alunos a sua própria insegurança e propõe atividades onde ele mesmo não seja questionado, inquirido, posto na berlinda.
Nada mais fácil do que aulas de matemática com cálculos onde o aluno só precisa saber a tabuada, por exemplo, mas que não traz a ele nenhum conhecimento mais profundo daquilo que esta fazendo, é cálculo por cálculo simplesmente.
É fundamental que a escola, a sala de aula seja um espaço de identificação, treino e desenvolvimento de aptidões, onde integre as aprendizagens realizadas num projeto de vida que fomente a realização pessoal e profissional de seus alunos.
AUTONOMIA
A construção da autonomia não deve ser confundida com atitudes de independência, pois o aluno pode ser totalmente independente para realizar uma série de atividades, enquanto seus recursos internos para se governar são ainda incipientes.
A autonomia está ligada à compreensão, isto é, à apreensão do significado, apreender o significado de um objeto ou acontecimento pressupõe vê-lo em suas relações com outros objetos e acontecimentos. O desenvolvimento da autonomia depende de suportes materiais, intelectuais e emocionais. Segundo PCNs (1997)
É importante salientar que a autonomia não é um estado psicológico geral que, uma vez atingido, esteja garantido para qualquer situação. Por um lado, por envolver a necessidade de conhecimentos e condições específicas, uma pessoa pode ter autonomia para atuar em determinados campos e não em outros; por outro, por implicar o estabelecimento de relações democráticas de poder e autoridade é possível que alguém exerça a capacidade de agir com autonomia em algumas situações e não noutras, nas quais não pode interferir. É, portanto necessário que a escola busque sua extensão aos diferentes campos de atuação. Para tanto, é necessário que as decisões assumidas pelo professor auxiliem os alunos a desenvolver essas atitudes e a aprender os procedimentos adequados a uma postura autônoma, que só será efetivamente alcançada mediante investimentos sistemáticos ao longo de toda a escolaridade.
O aluno com autonomia já passou por várias fases de aprendizagem onde pode por em prática as relações que ele mesmo tem ou teve com o seu cotidiano. Foi dada a ele oportunidade de aprender a aprender de fato, sem medo do erro, que é o grande vilão da evasão escolar.
CONCLUSÃO
Numa perspectiva de trabalho em que consideramos a criança como protagonista da construção de sua aprendizagem, o papel do professor ganha novas dimensões, e um desses aspectos é o papel de organizador da aprendizagem. Para desempenhá-lo, além de conhecer as condições sócio-culturais, expectativas e competência cognitiva dos alunos, precisará escolher os problemas que possibilitem a construção de conceitos e procedimentos, além de alimentar o processo de resolução, sempre tendo em vista os objetivos a que se propõe atingir.
Fornecer informações que o aluno não tem condições de obter sozinho, fazer explanações, oferecer textos e materiais adequados para pesquisa faz do professor um organizador. Ao questionar e contestar, ao promover o confronto de propostas, ao debater sobre resultados e métodos, ao orientar as reformulações e valorizar as soluções adequadas, o professor estará fazendo o papel de mediador.
Enfim, o professor tem um papel fundamental na descoberta da autonomia de seus alunos seja em qual disciplina for, uma vez que, ele, o professor, deverá estar atento ao que seus alunos já sabem para poder construir atividades desafiadoras onde cada um ou em grupo possam chegar a um ou mais resultados das problemáticas e poderem assim reavaliar, examinar e discutir as soluções encontradas.
REFERÊNCIAS
JACQUES, Eleide Mônica da Veiga. Metodologia e Conteúdos Básicos de Matemática. Associação Educacional Leonardo da Vinci (ASSELVI) – Indaial: Ed. ASSELVI, 2007, p. 40.
Parâmetros Curriculares Nacionais: Matemática. Ministério da Educação. Secretaria da Educação Fundamental. 3ª Ed. Brasília, 1997.
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